25 de novembro de 2008

PIAGET E O PERÍODO PRÉ-OPERACIONAL

A entrada na infância é marcada pela capacidade de representar o mundo que a cerca, onde ela não se limita a só olhar. A partir do momento em que as ações passam a ser interiorizadas, a criança pode evocar objetos ausentes, reconstruir experiências e acontecimentos do passado, imitar modelos não presentes, brincar de faz de conta e, mesmo, antecipar novos acontecimentos e experiências. No sensório motor, a única representação possível era constituída índices. Nesse caso, a voz de alguém poderia significar sua presença próxima; dirigir-se ate á porta de saída seria indicativo de ir passear. Para melhor esclarecer os dois tipos de significação, tomemos uma conduta de imitação nos dois períodos. Supondo que um bebê de, aproximadamente dois anos acaba de presenciar a situação de uma criança dormindo no berço, ele a reproduziria colocando-se na posição horizontal e encolhida, ou deixando pender a cabeça para um lado, como os olhos fechados. Por sua vez, a criança é capaz de usar símbolos e não índices, representaria a mesma situação com qualquer objetos que se assemelhassem a alguma forma ao que constatou. A imitação do modelo ausente não é a única maneira de representação. Alem da imitação diferida, a fazem parte da função simbólica o desenho, o jogo simbólico, a imagem mental e a linguagem verbal. De posse de novos instrumentos que lhe permitem melhor compreensão da realidade e inter-comunicação com as pessoas, quando brincam ou realizam juntas alguma tarefa as crianças inicialmente se expressam mediante monólogos coletivos. Essa tentativa inicial de comunicação revela um traço bastante geral do pensamento da criança dessa etapa, que Piaget chama de egocentrismo. Mais tarde, ainda neste estagio, esta criança passará a um dialogo mais sociabilizado, em que a fala e a opinião do outro começaram a ser respeitadas. Só na etapa seguinte o dialogo envolverá as várias perspectivas em jogo. No entanto, apenas o adolescente terá condição de empenhar-se na discussão e na critica, desenvolvendo-se plenamente as relações de reciprocidade e cooperação em grupo. Diversamente, o raciocínio infantil da etapa pré-operacional não permite criticas e não leva em conta reciprocidades, nem relações inclusivas. Constitui-se no que Piaget denomina de raciocínio pré-conceitual, em que a classe lógica oscila entre a individualidade e a generalidade, sem considerar relações de pertença, nem de inclusão de classes. É também um raciocínio transdutivo, que vai do particular ao particular. A criança dessa fase centra-se em estados e é incapaz de coordena-los com transformações, assimilando a mudança de aparência à mudança de aparenci à mudança de identidade. Os por quês são também a Tonica no cotidiano da criança da fase pré-operatória. Aqueles emitidos pelos adultos diante de rebeldias e teimosias das crianças, contrapõe os seus. Estas perguntas, tão significativas nesta etapa, são exemplos reveladores de que a criança não diferencia o por quê físico do por quê psicológico. A tendência é compreender um pelo outro ou buscar a explicação simultânea de ambos. Ao lado do fatalismo que conduz a criança a tomar a causa pela finalidade e vice-versa, aparecem, igualmente, outras tendências que, como esta, são manifestações da indiferenciação que faz o pensamento infantil entre o que é psíquico e o que é físico.Mas o que é mais marcante na pré-lógica do pensamento infantil é a irreversibilidade, a incapacidade de fazer mentalmente desvios e contornos, de chegar a ponto de partida por caminhos diversos.

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