8 de fevereiro de 2009

Bourdieu e a Educação

O texto Hey e Catani (2007), trata de Pierre Bourdieu, através de um dossiê. Pierre Bourdieu, que a partir dos anos 60 e durante quase 45 anos, “produziu um conjunto de análises no âmbito da sociologia da educação e da cultura que influenciou decisivamente algumas gerações de intelectuais”, sendo reconhecido em várias esferas da sociedade. Ele colocou novos questionamentos que renovou o pensamento sociológico sobre as funções e o funcionamento social dos sistemas de ensino das sociedades contemporâneas. Bourdieu questionou que, como pequenos grupos de indivíduos conseguem se apoderar dos meios de dominação. Para ele, compreender o mundo converte-se em instrumento de libertação. A partir de uma definição de cultura, Bourdieu mostra que a dominação cultural se expressa na fórmula segunda a qual cada posição na hierarquia social corresponde a uma cultura especifica, distinta. Temos que a cultura é central no processo de dominação, através da imposição de sua cultura às classes subalternas. Aqui o sistema de ensino desempenha um papel importante nessa dominação cultural. Hey e Catani (2007) continuam o dossiê tratando da escola como reprodutora da dominação, onde começa dizendo que a função do sistema de ensino é servir de instrumento de legitimação das desigualdades sociais. Aqui a escola é conservadora e mantém a dominação dos dominantes sobre as classes populares, reforçando as desigualdades sociais. Alain, filósofo francês, afirma que “se pode perfeitamente dizer que não há pensamento a não ser na escola”. Dessa forma, Bourdieu vem opor-se a Alain, em que vem desvendar as condições sociais que permitiriam o desenvolvimento do mito do dom, tecendo inúmeras críticas. Também vem mostra que ao avaliar o desempenho dos alunos, a escola leva em conta, conscientemente ou não, o modo de aquisição do saber. Segundo Bourdieu, tratando todos os educandos, por mais desiguais que sejam eles de fato, como iguais em direitos e deveres, o sistema escolar é levado a dar sua sanção às desigualdades iniciais diante da cultura. O fato de desvendar as desigualdades do ensino francês, principalmente com Dourheim, em que a escola deveria fornecer a educação para todos, proporcionando-lhes instrumentos que pudessem garantir sua liberdade, mas também sua ascensão social. Ao afirmar que o sistema escolar institui fronteiras sociais, Bourdieu desvela a crueldade da desigualdade social e, também como ela é entranhada entre professores, alunos, dirigentes. Para encerrar, Hey e Catani (2007) mostram como a instituição escolar é vista como desempenhando uma grande função de produção de diferenças cognitivas. Também, pelas suas análises em educação, uma vez pertencendo à sociologia do conhecimento e da sociologia do poder, mostram os mecanismos responsáveis pela reprodução das estruturas sociais e produção das estruturas mentais. Bourdieu também fornece o conhecimento da produção do novo capital, o cultural. Assim, a apropriação do autor pelo campo educacional brasileiro ocorre de forma mais incisiva no uso das noções desvinculadas de sua epistemologia. Enfim, Bourdieu nos ensina que toda prática humana encontra-se imersa em uma ordem social. Bibliografia Hey, A. P.; Catani, A. M. Educação e Linguagem: Pierre Bourdieu, o fazer sociológico e a reflexão cadêmica. Universidade Metodista de São Paulo. São Paulo, 2007.

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